O Cuzarí

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Na busca pelo caminho certo a seguir, o rei dos cazares convida representantes de várias religiões a fim de escolher a mais adequada de todas. Como todos mencionam negativamente o judaísmo, ele acaba convocando também um sábio judeu com quem passa a dialogar e a descobrir os mistérios da fé judaica. Este é o tema desta obra-prima da literatura clássica judaica, O Cuzarí, fruto do coração sensível e da mente privilegiada do Rabino Iehuda Halevi, erudito da Torá que viveu na conturbada Espanha do século XI.

 

Autor: Iehuda Halevi

Editora: Sêfer

Páginas: 296

 

Veja um trecho desse diálogo:

Sobre a Revelação Divina

 

80. O Cuzarí: Vamos retomar nosso assunto. Diga-me, como surgiu a fé judaica? Como se estabeleceu, foi aceita e formou-se o consenso em torno de suas normas? Em quanto tempo ela se solidificou e se difundiu? Faço estas perguntas pois é evidente que religiões passam por um processo de desenvolvimento. Primeiramente, um punhado de indivíduos, familiarizados com esta fé, se esforçam em estabelecer suas bases e compactuam com seus rituais; acreditam ser da vontade de Deus divulgá-los; são então seguidos por outras pessoas e utilizam os novos crentes para atrair mais pessoas e, desta forma, engrossar suas fileiras. Oportunamente, pode surgir um rei que os auxilie nesta tarefa, forçando sua população a aderir ao novo credo. 


81. O Sábio: Somente as religiões fundamentadas na lógica humana se desenvolvem desta maneira. Quando ela se difunde, ganhando adeptos e suporte, dela se dirá que é ajudada pelo Criador. Porém, a religião outorgada pelo Criador não passa por processo algum de desenvolvimento: surge de maneira repentina, similar ao abrupto processo da Criação do Universo, que apareceu e veio à existência num certo momento!
 

82. O Cuzarí: Tuas palavras me causam espanto!


83. O Sábio: Na verdade, os eventos a que me refiro são ainda mais espantosos: os israelitas, descendentes dos doze filhos de Jacob, contavam seiscentos mil homens adultos, acima dos vinte anos de idade, e viveram como escravos no Egito sem que houvesse um simples caso de casamento misto com os egípcios. Nenhum deles fugiu para qualquer outro pais. Todos aguardavam a época prometida pelo Eterno, Deus de seus Patriarcas Abrahão, Isaac e Jacob, na qual Ele legaria a terra de Canaã a seus descendentes. Naquele período, a terra de Canaã era habitada por sete nações muito populosas, que haviam alcançado o topo do sucesso e poder. Contrariamente, os israelitas se achavam no mais baixo nível de pobreza e miséria, oprimidos pelo Faraó, que matara seus filhos para evitar seu crescimento demográfico. Eis que Deus enviou Moisés e Aarão ao Faraó. Apesar de seu estado frágil e miserável, os dois líderes se postaram diante deste poderoso monarca, operando milagres sobrenaturais e outros prodígios, sem que ninguém os impedisse de adentrar ao palácio real, os prendesse ou os matasse. Em seguida, o Egito foi punido com dez pragas, que afetaram todos os sistemas naturais: água, solo, ar, fauna, flora, a vida humana, corpo e alma. A última praga atingiu os entes mais queridos dos egípcios - seus primogênitos -, que morreram todos no mesmo instante, à meia-noite. Não havia uma casa onde não houvesse um morto, exceto nas casas israelitas. O próprio Faraó se viu impotente para escapar de qualquer uma destas pragas. Cada uma delas foi precedida por advertência, tendo-se iniciado e cessado no tempo exato pré-determinado por Moisés. Tudo isto para demonstrar claramente que estas pragas foram intencionais, e não acidentais, advindas de Deus, que faz prevalecer Sua Vontade, quando e como Ele desejar. Elas não se originaram nas forças da natureza ou por influência das estrelas!

Depois da praga dos primogênitos, naquela noite, os israelitas deixaram o Egito, por ordem de Deus, rumo ao deserto, em direção ao mar dos Juncos (mar Vermelho), guiados por uma Coluna de Nuvens e Fogo, enquanto o Faraó e seu exército os perseguiam. Os israelitas não estavam treinados para a guerra, mas foram milagrosamente salvos sem ter de recorrer a armas. O mar se dividiu à frente deles, que o atravessaram, enquanto o Faraó e seus exércitos afundavam em suas águas; o mar lançou à praia os cadáveres dos egípcios aos olhos dos israelitas. É uma história longa e bem conhecida. 

Naquele momento, dois anciãos eram os líderes e sacerdotes da nação: os profetas Moisés e Aarão. Ambos tinham mais de oitenta anos de idade quando profetizaram. Até aquele momento, os israelitas eram ordenados a observar um número reduzido de preceitos herdados de Adão e Noé, os virtuosos das primeiras gerações. Moisés não os aboliu e lhes acrescentou outros mandamentos, conforme os recebia de Deus.

 

84. O Cuzarí: Tudo isto é revelação da glória Divina. Os mandamentos associados a estes eventos devem realmente ser aceitos, pois não há qualquer dúvida de que não se originaram em bruxaria, artifícios ou imaginação. Ainda que os israelitas pudessem fantasiar o mar se dividindo diante de si, jamais se afirmaria que sua salvação da escravidão, a morte dos seus feitores e a arrecadação dos seus despojos foram puro devaneio! Somente uma obstinação herética poderia classificar como ilusórios estes fatos que mudaram as vidas dos israelitas.


85. O Sábio: Após estes eventos, um milagre ainda mais maravilhoso lhes ocorreu. No meio do deserto, onde não há vegetação, Deus criou uma nova criatura, o Maná, o pão com que Israel se alimentou durante quarenta anos e que descia dos céus diariamente, exceto no Shabat (sábado).
 

86. O Cuzarí: Alimento descendo constantemente do céu, seis dias por semana, cessando no sétimo, durante quarenta anos, e sustentando seiscentos mil homens e seus familiares, constitui um milagre e prova irrefutável da Providência Divina. Disto resultou, obviamente, a obrigatoriedade de guardar o Shabat devido à Revelação Divina que nele aconteceu. 


87. O Sábio: Certamente, a obrigatoriedade de guardar o Shabat provém da não descida do Maná neste dia, e do fato que o mundo foi criado em seis dias e que Deus nada criou no Shabat. E também devido a um terceiro motivo que será esclarecido adiante.
Quando todos de Israel viram os milagres de Moisés, passaram a acreditar em seu status Divino, apesar de ainda terem incertezas quanto à essência da profecia em geral. Era-lhes difícil conceber como Deus mantinha diálogo com o homem. Poder-se-ia supor que a iniciativa de elaborar as leis da Torá partira do homem, e só posteriormente recebeu assistência ou aquiescência Divina. Esta hesitação surgiu da dificuldade de atribuir a fala - uma atividade genuinamente física - ao Criador, que é desprovido de qualquer matéria. Deus decidiu dirimir esta dúvida, ordenando aos israelitas que se preparassem para presenciar a Revelação Divina. Tal preparação exigia santificação interior e exterior. Para fortalecer a santificação interior, foram ordenados a se afastar das esposas e a se preparar psicologicamente para ouvir a palavra de Deus. A santificação exterior consistiu na lavagem das vestes.

Após três dias de preparação e depois dos milagres e prodígios que antecederam a Revelação no monte Sinai, como os fortes sons, relâmpagos e fogo que circundava o monte, toda a nação atingiu o status de santidade profética e estava preparada para ouvir a palavra de Deus, frente a frente. Com voz clara, Deus anunciou os Dez Mandamentos, que englobam os fundamentos e raízes da nossa fé e da Torá. Um desses mandamentos é guardar o Shabat, o que já se fazia desde o advento do Maná. O fogo que circundava o monte Sinai permaneceu visível durante quarenta dias e todos viram Moisés ascender a este monte e, posteriormente, dele descer, atravessando as labaredas.

Os Dez Mandamentos não foram recebidos pela nação como se fossem uma tradição, transmitida por um profeta ou por alguns indivíduos, mas, sim, pelo Próprio Deus. Contudo, os israelitas não tiveram a capacidade de continuar presenciando esta visão grandiosa e, por isto, deste dia em diante, acreditaram que as falas de Deus a Moisés não provinham de sua iniciativa ou premeditação, mas se originavam no Criador Abençoado. A profecia não é, como descrevem os filósofos, consequência de um refinamento da alma e de sua comunhão com o "intelecto ativo", chamado de espírito santo (Rúach Hacódesh), ou da comunhão com o anjo Gabriel. É até possível que um sujeito num estado de sonolência, meio-adormecido ou sonhando, imagine que alguém venha a lhe falar, ou que ouça coisas unicamente perceptíveis por sua alma e não por seus ouvidos, que o veja na imaginação, mas não com seus olhos reais ? e, baseado nestas visões, afirme que o Criador falou com ele! Conjeturas como esta foram todas desmistificadas com o fantástico evento da Revelação no monte Sinai!
À fala Divina se ajuntou uma escrita Divina: as duas Tábuas da Aliança nas quais Deus gravou os Dez Mandamentos transmitidos a Moisés. As Tábuas eram feitas de pedra preciosa (safira), na qual estava gravada uma escrita maravilhosa. Israel viu que a escrita era Divina, assim como a mensagem ouvida no monte Sinai. Conforme as instruções de Deus, Moisés fez depois uma Arca e ergueu o conhecido Mishcán (Tabernáculo), que permaneceu junto dos filhos de Israel durante a era dos profetas por quase novecentos anos; até que a nação se revoltou contra seu Pai Celestial. Aí, então, a Arca se ocultou, apareceu Nabucodonosor e conquistou a Judeia, exilando o povo para a Babilônia.


Índice e Trechos:

ÍNDICE

Prefácio à Edição Brasileira ........................... 9
Prefácio à Edição em Hebraico.......................19
Prólogo: O Sábio-Amigo................................23
Sobre a Nova Edição Comentada....................25

Diálogo Um ............................................. 31
Diálogo Dois............................................. 81
Diálogo Três............................................ 133
Diálogo Quatro ....................................... 201
Diálogo Cinco ......................................... 241


Sobre o Autor

O Rabino Iehuda ben Shemuel Halevi (conhecido sob o acrônimo de Rihal), precursor da historiologia (filosofia da história), consagrou-se como o poeta da nação judaica. 

O Rihal nasceu em 1075 em Toledo, norte da Espanha, numa época em que a política local passava por drásticas mudanças em função da consolidação do reinado cristão de Castilha, que chegou ao ápice em 1085 com a conquista da cidade natal do nosso poeta. Uma das consequências deste fato foi a transferência de grande parcela da comunidade para o norte. Toledo transformou-se em centro da cultura judaica, onde floresceram luminares da erudição, como os Rabinos Abraham ibn Ezra e Iehudá Al-Harizi, entre outros, até Maimônides, o Rambam, devolver o brilho ao sul da Espanha, a partir da cidade de Córdova. 

Pouco sabemos sobre a infância e os estudos do Rihal, mas é evidente o fantástico domínio que tinha sobre o Talmud e o Tanach, flagrante nas associações e citações presentes em seus livros e poemas – ele compôs mais de mil poemas e cânticos ao longo de sua vida. Torna-se claro, também, o sólido conhecimento que tinha da poesia e filosofia árabes, uma vez que delas lançou mão com raro talento nas respostas que compõem sua obra-prima, “O Cuzarí”. 

Durante os anos de sua juventude, o Rihal peregrinou pelos grandes centros de estudo da Torá situados no sul da Espanha. Foi aluno na Ieshivá do Rabino Isaac Alfassi, conhecido pelo acrônimo de Rif, e amigo do grande sábio Rabino Iossef ibn Migash. Por ocasião do falecimento deste, escreveu um comovente discurso fúnebre.

O Rihal continuou a viajar em busca do saber, e suas jornadas pela Península Ibérica e norte da África permitiram-lhe conhecer de perto a situação trágica do povo de Israel, pressionado entre os cristãos de Edom e os muçulmanos de Ismael – “entre o martelo e a bigorna”. O sofrimento que testemunhou marcou indelevelmente sua alma para sempre. 

O dom poético do Rihal era único, especial, e viria a influenciar de maneira decisiva os rumos de sua vida. Conviveu com grupos que uniam a Torá à cultura geral e à nobreza, e desenvolveu sua poesia a ponto de vencer um concurso que tinha a obra do famoso autor Moisés ibn Ezra como tema – o desafio era “imitar” uma das poesias do mestre.

Foi assim que o jovem Iehuda Halevi, o nosso Rihal, conheceu a família Ibn Ezra, uma das mais ricas e influentes da Espanha na época. Acabou por mudar-se para Granada, sede da casa da importante família e, entre outros benefícios, passou a experimentar uma situação financeira mais confortável do que aquela que conhecera até então. De Granada, seguiu para Córdova, onde estudou medicina. Mais tarde, regressou a Toledo, casou-se e teve uma única filha. Conta uma tradição que o Rihal foi genro do Rabino Abraham ibn Ezra. 

Em uma etapa posterior, estabeleceu-se com a família na cidade de Córdova. Pode-se constatar, a partir da alegria e da paz interior presentes nas frases, versos e entrelinhas de seus escritos da época, que o Rihal levava então uma vida tranquila. Nem por um momento, porém, esqueceu-se da situação de seu povo. A ele, às suas provações e à sua força sem igual, dedicou as mais belas poesias que compôs.

A situação dos judeus na Península Ibérica e norte da África torna-se cada vez mais insustentável. O Rihal conhece e sente no âmago do seu ser as graves ameaças à nação judaica: de um lado, as Cruzadas; de outro, as perseguições nos paises islâmicos. Chora a destruição das comunidades disputadas por cristãos e muçulmanos, e percebe, com rara clareza, a fragilidade e falta de segurança dos judeus na Espanha. Mais do que isto: vê de perto a gradual deterioração dos preciosos valores espirituais do nosso povo, apesar do luxo e da beleza superficiais.

O estado de coisas vigente afeta o espírito do grande poeta. Edon e Ismael guerreiam para dividir o mundo entre si, e o judaísmo é aniquilado batalha após batalha. Nelas, o Rihal identifica os sinais para que o povo judeu desperte e deixe a Diáspora. Ele sente especialmente o sofrimento da Shechiná – a revelação da Divindade – e começa a dar asas ao seu próprio sonho de retornar a Tsión. 

Nenhum outro poeta judeu jamais expressaria com maior exatidão o sofrimento de um povo que acreditava ter sido temporariamente abandonado por Deus e que, ao mesmo tempo, lutava para manter vivas sua fé e esperança. 

Faz parte de um dos belíssimos poemas do Rihal um verso onde diz que seu corpo estava no Ocidente, mas seu coração, no Oriente. 

Ao aproximar-se da velhice, é profundamente abalado pelo falecimento de sua esposa. Nos últimos versos que escreve, fala da consciência do pecado, referindo-se a uma possível dedicação excessiva à poesia e às reuniões culturais que manteve durante a juventude – atitude e eventos que dificilmente podem ser definidos como pecados – e declara que, a partir daquele momento, se dedicará somente à purificação da alma e do pensamento (O Cuzarí 2:80). 

Seu desejo de ir a Tsión, beijar suas pedras e contemplar o sítio do Templo destruído aumenta sensivelmente. Sonha em caminhar pelos lugares onde Deus Se revelou aos profetas. Ele então toma a decisão de partir, deixando para trás a confortável vida na Espanha, a filha, o neto, os alunos, e dirige-se à Terra de Israel. De nada adiantam os alertas da família e dos parentes sobre os perigos da viagem em idade tão avançada. Os olhos do Rihal estão voltados unicamente para Tsión.

Ele sai da Espanha aproximadamente no ano 1140. Sua jornada rumo à Terra de Israel rendeu ao nosso povo as mais belas poesias sobre o anseio histórico por Tsión e Jerusalém, entre elas “Tsión Halo Tishali”, recitada em algumas comunidades em Tishá Beav, o dia que assinala a destruição dos dois Templos sagrados. No caminho, passa por Alexandria e pelo Cairo, no Egito, onde é aclamado pelas comunidades locais. Encontra seguidores fiéis que, por sua vez, também tentam impedi-lo de prosseguir, em virtude dos riscos que terá de enfrentar. Mas o sonho e a saudade falam mais alto, e o nosso poeta segue viagem.

Uma história tão fantástica quanto terrível (citada no livro Shalshelet Hacabalá, de Guedalia ibn Hia) conta que, logo ao chegar aos portões de Jerusalém e vislumbrar a Cidade Santa em sua destruição, o Rihal rasga suas vestes, curva-se até o chão e recita a famosa poesia acima mencionada. Então, um cavaleiro árabe que assistia à cena, invejando a profunda devoção que presencia, faz seu cavalo pisotear o poeta – até a morte.

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